Recentemente, tive a oportunidade de realizar uma palestra em uma concessionária de rodovias de São Paulo. Essa concessionária administra algumas das estradas mais movimentadas do Estado, e foi durante essa visita que me deparei com informações surpreendentes e perturbadoras que revelam um lado desconhecido do trabalho de resgate nas rodovias.
No centro de controle da concessionária, que monitora as rodovias 24 horas por dia, há uma equipe de socorristas formada por 45 profissionais, que se dedica exclusivamente a atender veículos que param nas estradas, seja por acidente ou pane. Câmeras instaladas em toda a extensão das rodovias acompanham em tempo real o fluxo de veículos, e, no primeiro sinal de um carro parado, esses socorristas entram em ação. Eles são os primeiros a chegar ao local, sinalizar a via e prestar atendimento inicial às vítimas. Esse é o trabalho deles, o dia a dia.
Mas o que muitos motoristas desconhecem é que esses profissionais enfrentam riscos altíssimos. Em 2023, seis desses socorristas perderam a vida enquanto trabalhavam, sendo atropelados ou esmagados ao tentar garantir a segurança dos demais motoristas. Em 2024, até setembro, mais dois trabalhadores já faleceram. São vidas perdidas em condições que poderiam ser evitadas.
Para compreender melhor as causas dos veículos parados, fizemos uma análise dos principais problemas mecânicos nas estradas. Em primeiro lugar está a famosa “pane seca” – falta de combustível. Muitos motoristas subestimam o consumo acreditando que seus veículos “farão milagres” em quilômetros por litro e acabam atrapalhando o trânsito e expondo outros usuários da estrada a riscos desnecessários. Logo em seguida, vem a pane elétrica, causada por problemas como baterias descarregadas, alternadores inoperantes e ventoinhas que deixam de funcionar, levando o motor ao superaquecimento. Por fim, temos os pneus em mau estado e as quebras mecânicas, que completam a lista de ocorrências frequentes.
Esses problemas, na maioria das vezes, têm solução preventiva: a manutenção adequada do veículo. É preocupante constatar que, por negligência, muitos motoristas seguem viagem com carros que já apresentam sinais de falha, acreditando que “nada vai acontecer”. No entanto, essa atitude acaba se tornando o primeiro passo para acidentes com consequências trágicas para todos envolvidos, especialmente para os profissionais que tentam ajudar.
É triste pensar que essas tragédias poderiam ser evitadas se cada motorista assumisse a responsabilidade de manter seu veículo em boas condições. A falta de cuidado com itens básicos coloca em risco não apenas a vida do motorista, mas também dos socorristas que arriscam a própria segurança para proteger a de outros.
Diante disso, faço um convite a você: seja parte da solução para reduzir esses acidentes. Realizar a manutenção periódica do seu veículo e garantir que ele esteja em condições seguras para viajar é uma atitude simples, mas poderosa. Afinal, um veículo bem cuidado dificilmente se tornará um risco para você, para sua família ou para quem estiver na estrada.
Pense que sua responsabilidade ao volante pode salvar vidas – inclusive a de alguém que está lá para proteger você.